Mariana desenvolve ações, como blitzes educativas, para o enfrentamento da violência contra a mulher
- William Santos
- há 3 horas
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O Brasil segue enfrentando índices elevados de violência contra mulheres, especialmente no âmbito doméstico e familiar, onde a maioria dos casos de feminicídio ocorre dentro de casa, praticada por parceiros ou ex-parceiros. Como principais ferramentas de apoio às vítimas, o canal Ligue 180, do Governo Federal, e o número 153, da Polícia Municipal de Mariana, permanecem disponíveis para denúncias e orientações, funcionando de forma gratuita e sigilosa.

Nesse contexto, a Secretaria de Segurança Pública de Mariana realizou, nesta terça-feira (09/12), uma blitz educativa na Avenida Getúlio Vargas, com o objetivo de conscientizar pedestres, motoristas e motociclistas sobre a prevenção da violência contra a mulher. A ação também reforçou a divulgação dos canais de denúncia e dos serviços de apoio oferecidos pelo município.
A iniciativa ocorre em um cenário alarmante. Em 2024, o feminicídio atingiu recorde no Brasil, com 1.492 mulheres assassinadas — uma média de quatro mortes por dia — segundo estudo recente. Casos de feminicídio e de tentativas de assassinato marcados por extrema violência evidenciam a urgência do enfrentamento e da conscientização da sociedade sobre o tema.
A violência contra a mulher manifesta-se de diversas formas, todas previstas na Lei Maria da Penha. A violência física é uma das mais recorrentes e caracteriza-se por qualquer conduta que ofenda a integridade ou a saúde corporal da mulher, como espancamento; arremesso de objetos; estrangulamento ou sufocamento; lesões com objetos cortantes ou perfurantes; ferimentos causados por queimaduras ou armas de fogo; e tortura.
A violência psicológica envolve condutas que causam dano emocional, diminuição da autoestima ou visam controlar, degradar ou limitar as ações e decisões da mulher. Incluem-se nesse tipo de violência ameaças, humilhação, manipulação, isolamento social, vigilância constante, perseguição, chantagem, insultos, restrição do direito de ir e vir, ridicularização, limitação da liberdade de crença e a distorção de fatos para provocar confusão mental, prática conhecida como gaslighting.
Fotos: blitz educativa realizada em 9 de dezembro. Crédito: William Santos.
Já a violência sexual refere-se a qualquer ato que constranja a mulher a presenciar, manter ou participar de relação sexual não desejada, mediante intimidação, ameaça, coação ou uso da força. Enquadram-se nessa categoria o estupro, a imposição de práticas sexuais indesejadas, o impedimento do uso de métodos contraceptivos, a imposição do aborto, bem como a coerção para casamento, gravidez ou prostituição.
A violência patrimonial caracteriza-se pela retenção, subtração ou destruição de bens, documentos, valores ou recursos econômicos da mulher, incluindo o controle do dinheiro, o não pagamento de pensão alimentícia, a destruição de documentos pessoais, o furto, a extorsão, o estelionato e os danos intencionais a objetos de valor afetivo.
Por fim, a violência moral consiste em condutas que configurem calúnia, difamação ou injúria, como acusações falsas, juízos morais sobre a conduta da mulher, exposição da vida íntima, xingamentos e desvalorização da vítima em razão de sua aparência ou forma de vestir.
Dados divulgados em 17 de dezembro pelo Senado Federal, por meio do Mapa Nacional da Violência de Gênero, revelam a gravidade do cenário. Apenas no primeiro semestre de 2025, foram registrados 718 feminicídios no país, o que representa uma média de quase quatro mulheres assassinadas por dia. No mesmo período, contabilizaram-se 33.999 estupros contra mulheres, cerca de 187 casos diários.
Os números levantados pelo Observatório da Violência de Gênero reforçam a necessidade de políticas públicas efetivas, ações preventivas contínuas e do fortalecimento das redes de proteção às mulheres. Nesse contexto, iniciativas como a blitz educativa realizada em Mariana cumprem um papel fundamental ao informar e conscientizar a população, além de incentivar a denúncia. Essas ações contribuem diretamente para o enfrentamento da violência de gênero e para a proteção da vida das mulheres e de seus familiares.
Jornalista: William Santos














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